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The New York Times publica matéria com elogios a São Paulo

matéria publicada na edição online do The New York Times em 12/3/2006

A Nova São Paulo - por DAN SHAW

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É um dia abafado de janeiro em São Paulo e dúzias de pessoas estão jantando sob uma imensa figueira com galhos horizontais impressionantes, lembrando o "Jurassic Park." Todo o restaurante foi construído ao redor dessa árvore de 130 anos e o espaçoso pátio com teto de vidro foi construído de forma tão engenhosa que é difícil saber se estamos sentados dentro ou fora do restaurante.

Famílias e casais podem passar horas sentados no Figueira Rubaiyat, um ponto de encontro popular para o tradicional almoço de domingo brasileiro. Eles vão beliscar pães de queijo quentes e macios e beber caipirinhas, um drink gelado nacional feito com limão e destilado de cana de açúcar chamado cachaça. Eles vão devorar grelhados espessos e generosas caçarolas de frutos do mar, gozando os prazeres do verão na cidade e sentindo o calor do sol em seus braços desnudos.

Esse lado são e sensual de São Paulo nem sempre é fácil de encontrar. À primeira vista, essa cidade espalhada de 10 milhões de habitantes – a capital econômica e cultural do Brasil – parece uma inexpugnável selva urbana, um lugar de arquitetura aparentemente confusa, um pouco parecida com Los Angeles, onde é difícil para um estrangeiro sobreviver. São Paulo não é Paris, Rio ou Buenos Aires – cidades onde você pode simplesmente chegar e amar desde o primeiro instante.

Mesmo na Rua Oscar Freire, o estreito boulevard frequentemente comparado à Rodeo Drive, um visitante pode não ser imediatamente seduzido pelas boutiques de moda com nomes pouco familiares. Uma das mais originais e encantadoras lojas da rua, o Clube Chocolate, é tão chique que não tem vitrines e é tão exclusiva que seguranças guardam as pesadas portas de madeira que escondem o interior fresco e glorioso. Como é possível saber que dentro há um luminoso saguão de três andares com palmeiras até o teto e uma praia de areia aonde você chega por uma escada circular descendente, de aço polido?

São Paulo não se esforça para agradar turistas estrangeiros, e isso pode ser uma benção. Nos restaurantes, você não vai se ver cercado por alemães, por australianos e por outros americanos. Nas feiras você não vai encontrar casais carregando pacotes engraçados e tirando fotografias. Nos museus e nas igrejas você não vai encontrar multidões. Você vai saborear a vida real e testemunhar uma cidade sul-americana em transformação.

É possível sentir a determinação da cidade de se tornar um player do circuito da moda, em três hotéis boutique: o Emiliano, o Unique e o Fasano. Quando cheguei ao Emiliano ao meio-dia de uma sexta-feira, após uma corrida de táxi de 45 minutos do aeroporto, meu apartamento não estava pronto. Antes que eu pudesse me acomodar no saguão iluminado e minimalista, com poltronas avant-garde adornadas com centenas de metros de cordão dourado e produzidas pelos irmãos Campana – a dupla brasileira cujo trabalho foi exposto no Museu de Arte Moderna de Nova York – fui acompanhado por um dos elegantes atendentes da recepção até o spa coberto de vidro, na cobertura. O atendente me entregou um macio robe branco e Havaianas brancas, as famosas sandálias de borracha brasileiras, me incentivando a mergulhar nas banheiras quentes de madeira, me refrescar na piscina de mármore ou tomar uma ducha. Fiz tudo isso.

Eu havia decidido vir a São Paulo para um fim de semana longo, porque esse pode ser um dos vôos noturnos mais fáceis à disposição. Tomei um vôo de nove horas sem escalas da American Airlines em Nova York, cerca das 22:00 horas, e cheguei a São Paulo no fim da manhã. (Em janeiro, quando cheguei, o horário de São Paulo estava três horas adiantado em relação a Nova York. A diferença pode variar de uma a três horas, dependendo das datas do Horário de Verão). O jantar e o café da manhã foram servidos próximos da decolagem e, conseqüentemente, pude dormir aproximadamente sete horas ininterruptas e acordar pronto para um dia intenso.

O meu apartamento no Emiliano era relaxante e luxuoso: lençóis de algodão egípcio branco e seis travesseiros com graus diferentes de maciez ; uma espreguiçadeira Eames estofada com tecido rústico; uma parede revestida com madeira cor de mel disfarçando os armários e duas geladeiras Sub-Zero tipo gaveta, repletas de drinks; e um espaçoso banheiro com vista para os prédios de apartamento vizinhos. Enquanto tentava me ensinar como operar todos os controles da iluminação (coisa que eu jamais consegui aprender), a encarregada do atendimento a hóspedes informou que poderia enviar um auxiliar para desfazer minhas malas. (Recusei.)

Do ostensivo ao prosaico, São Paulo pode algumas vezes parecer uma capital européia. Há a Catedral Metropolitana, uma construção com elementos góticos e bizantinos supostamente com capacidade para 8.000 fiéis; o Teatro Municipal de 1911, inspirado no Opéra de Paris; museus de arte cujos edifícios são tão notáveis quanto as exposições; e um mercado municipal no centro da cidade, onde tudo, desde leitões até pimentas vermelhas, são expostas nas bancas como se fossem obras de arte.

A Nova São Paulo por DAN SHAW

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A Pinacoteca do Estado é um exemplo notável de como uma construção histórica pode ser preservada e transformada em um museu do século 21. Com paredes de tijolos à mostra como se fosse uma ruína antiga, o edifício datado de 1897 possui agora uma série de pátios internos iluminados naturalmente com esculturas de Rodin e Niki de Saint-Phalle, e uma coleção impressionante que vai de paisagens do século 19 a obras abstratas do século 20 de modernistas pioneiros, tais como Waldemar Cordeiro e Willys de Castro.

Os paulistas têm muito orgulho de sua arquitetura modernista, especialmente o Copan, um prédio de apartamentos de 1950 projetado por Oscar Niemeyer, que trabalhou com Le Corbusier nas Nações Unidas e criou a capital, Brasília. Em um outro local, uma reformulada estação de trem de 1930, a Sala São Paulo, foi transformada em uma fascinante sala de concertos contemporânea. O Museu de Arte de São Paulo (MASP), localizado em um edifício-marco de 1968, projetado por Lina Bo Bardi, suspenso sobre um vão com colunas nas extremidades sem nenhum apoio interno, possui uma coleção que inclui obras de Renoir, Cézanne, Manet, Degas e Modigliani.

Como andar pela cidade de carro é fundamental, é fácil passear por horas nos Jardins, um bairro convidativo aos pedestres, que teria chamado a atenção do ecologista urbano Jane Jacobs, que escreveu que uma "vizinhança de rua de uma boa cidade alcança um equilíbrio ideal entre a determinação de seus moradores em manter a privacidade essencial e seus desejos simultâneos por níveis divergentes de contato, diversão ou ajuda das pessoas ao redor." Situado em um traçado retangular e inclinado de ruas estreitas, os Jardins possui incontáveis restaurantes, cafés com mesinhas nas calçadas e luxuosos espigões de apartamentos separados das calçadas por portões e jardins luxuriantes.

"Quando você está nos Jardins, é muito fácil pensar que você está no país mais rico do mundo," disse Lauer Alves Nunes dos Santos, um professor de semiótica que conheci enquanto almoçava no Prêt Café, um pequeno restaurante dos Jardins escondido em uma casa reformada. Na condição de um americano fazendo uma refeição ao dar uma volta pela vizinhança — no qual um bufê organizado com bonitas travessas de vidro e panelas de ferro faz você se sentir como se tivesse dado de cara com um almoço de comemoração particular — eu era uma novidade. A proprietária, Beatriz Ticcoulat Alves de Araújo, veio me conhecer e perguntar se eu tinha gostado do nhoque, cozido de peixe com molho de camarão, abobrinha recheada, arroz com feijão, salada verde e pudim de coco. "Este é o tipo de comida que eu te serviria se você viesse almoçar em casa," disse ela.

Não há nada caseiro no sexy e ameaçador Unique Hotel. Projetado por Ruy Ohtake, o hotel em forma de arca parece um set para um filme de James Bond, com seus vidros escurecidos, portas secretas e seguranças vestidos com ternos. Para chegar lá, meu táxi passou pelo Jardim Europa, um bairro de ruas arborizadas com casas de estilo barroco e modernista escondidas atrás de muros altos — o equivalente brasileiro de Beverly Hills. Este “momento Los Angeles” continuou no bar localizado na cobertura do Unique – Skye – onde coquetéis são servidos ao ar livre, ao lado de uma piscina estreita com vista panorâmica para a cidade. Mesmo em uma noite nublada, há um brilho crepuscular, com o terraço iluminado artificialmente por holofotes cor de rosa.

A Nova São Paulo por DAN SHAW

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Os finais de semana de verão tendem a ser tranquilos em São Paulo, pois os moradores se dirigem às praias ou montanhas, mas muitas das famílias elegantes e jovens profissionais que ficam na cidade acabam indo jantar no Spot, um agitado restaurante em forma de caixa de vidro. O cardápio apresenta saladas verdes com inúmeros ingredientes, massas inovadoras e pequenos steaks com molhos deliciosos e batatas fritas crocantes. No entanto, foi difícil para mim me concentrar na excelente comida, pois um desfile de mulheres bronzeadas em curtos vestidos amarrados no pescoço se encontrava em uma mesa onde dois homens belos como artistas de cinema continuavam a pagar rodadas de bebidas para todos. Parecia um episódio de "Sex in the City" dublado em português.

Depois do jantar, fui ao Bar Balcão, onde um sinuoso balcão de dois lados serpenteia pelo restaurante. "Este bar é popular entre artistas, poetas e acadêmicos," disse Ana Amélia Genioli, uma arquiteta que estava jantando tarde. "Mas São Paulo não é o Brasil. Você precisa visitar o interior." Expliquei que eu era mais fascinado por cidades, e disse a ela o que um artista brasileiro, Ronaldo Bregola, havia me dito: "Claro que São Paulo não é o Brasil, mas Paris não é a França e Londres não é a Inglaterra."

São Paulo é certamente uma cidade de classe mundial no que se refere às compras, não importa o seu gosto ou bolso. Caçando e pechinchando na Feira dominical da Liberdade, comprei meus artesanatos baratos: bonecas para crianças, colheres de madeira e echarpes de seda tingidas à mão em cores tropicais. Me entupi de chinelos de dedo na Page Calçados, que se parece com qualquer loja de calçados de ponta de estoque que eu evito no meu país. É uma região atacadista central e vende Havaianas em inúmeros estilos e cores que são raramente importadas para os Estados Unidos por apenas 10,99 a 13,99 reais o par ($4,95 a $6,35, a 2,2 reais por dólar).

Mas as compras de luxo são ainda mais atraentes — mesmo se você estiver apenas dando uma olhadinha. Eu não tinha certeza se deveria visitar a Daslu, a loja de departamentos que tinha sido descrita como uma fortaleza de consumo conspícuo na The New Yorker três anos atrás. Mas então conheci Walkiria Vaney, uma brasileira que morava em Nova York e descreveu a Daslu como sendo muito maior e mais grandiosa que a Bergdorf Goodman. Tive que conferir com meus próprios olhos.

A Nova São Paulo por DAN SHAW

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Você não pode entrar na Daslu a pé; você tem que chegar de carro (ou helicóptero) e passar por um posto de revista de segurança. A loja se parece com um resort hotel cinco estrelas e tem a atmosfera de um clube de campo exclusivo onde todo mundo está comprando, em vez de estar jogando golfe ou tênis. Dentro da loja, há 10 cafés e locais para se beber champanhe, e butiques que vendem tudo de camisas Frette e bolsas Prada a temporadas de esqui em Aspen e Harley-Davidsons. As vendedoras da Daslu proporcionam um insight sobre a divisão de classes no Brasil. Mulheres sensuais e animadas com belos cortes de cabelo fazem as vendas, enquanto um batalhão de donas de casa resignadas em uniformes de empregadas silenciosamente arruma as prateleiras atrás.

Que os paulistas sabem como gastar generosamente também fica evidente no D.O.M., um restaurante comandado pelo chef-celebridade Alex Atala, considerado o Jean-Georges Vongerichten do país pela sua reinterpretação dos ingredientes brasileiros — feijão preto, bacalhau, farofa — com um toque francês. O salão é silencioso e tem um ar corporativo, mas atrai uma clientela diversificada: Pop stars brasileiros como Clara Moreno e sua entourage, casais ostentando por uma ocasião especial e famílias abastadas em atitude tão blasé com relação ao seu refinado jantar que falam ao celular enquanto comem.

Eles deveriam prestar mais atenção, porque a comida é maravilhosa. Meu amigo e eu experimentamos o menu degustação composto por quatro pratos, por 160 reais por pessoa: camarão ao molho de manga com papaia; brandade de bacalhau em uma redução de feijões pretos; um peixe chamado filhote com uma crosta de tapioca e ervas; confit de pato com pimentas verdes. O incomum prato à base de queijo foi servido por um garçom que rodopiou uma mistura de purê de batata e Gruyère com duas colheres no ar como se fosse um puxa-puxa, antes de dividi-la em cada prato.

Depois de uma refeição tão refinada, a idéia de uma boate barulhenta estava fora de cogitação, então acabei dando uma esticada em um outro dos hotéis-butique, o Fasano, onde o suntuoso décor masculino sugere que ele atrai mais administradores de hedge-fund do que modelos, e cujo bar - Baretto – é uma releitura contemporânea de um salão de coquetéis dos anos 1930.

No meu último dia, voltei aos Jardins e suas lojas de classe mundial, curioso em conhecer o interior da Galeria Melissa. Projetada por Karim Rashid de Nova York, os sapatos de salto alto feitos de borracha com a grife da loja — por designers como Alexandre Herchcovitch (cuja moda para estrelas do rock é vendida em sua butique logo virando a esquina) e os irmãos Campana — são dispostos em bolhas de plástico penduradas no teto, criando um alucinante efeito "2001: Uma Odisséia no Espaço".

Durante uma típica chuva torrencial de verão, me abriguei na Cavalera, uma das muitas lojas que vendem jeans brasileiros colados à pele e camisetas de algodão macias como seda. Os vendedores falavam pouco inglês, mas se pareciam todos com modelos e estavam loucos para agradar, apresentando pilhas e pilhas de jeans, alguns adornados com grafites em português.

Depois de uma hora ainda estava chovendo forte, então corri para o outro lado da rua, no Z Deli, um lugar idiossincrático na Alameda Lorena, outra rua de lojas da moda. Lá, o almoço self-service inclui peito, pierogi, cole slaw e, o improvável, gefilte fish. Administrado por duas mulheres judias, Zenaide Raw, que já morou em Nova York e fala inglês bem, e sua irmã Rosa, o Z Deli me fez sentir em casa. Quando Zenaide soube que eu era dos Estados Unidos, ela me trouxe uma fatia do esplendido bolo de semente de papoula e sentou-se à mesa. Quando eu lhe disse que ficaria por apenas três dias, ela me repreendeu: "Como você pode ver tudo em tão pouco tempo? Da próxima vez, você tem que me visitar primeiro e eu te direi o que deve fazer." Garanti a ela que faria isso.

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